Mais um morreu, e não foi de amor, nem de tédio. Não foi de fome e nem de tanto dançar. Foi de
cacos de vidro e de palitos de dente. Corte no pescoço, olhos perfurados, calça
e cueca até os joelhos, encontrado jogado e já frio nun banheiro sujo.
Assim acordo quase todos os dias. Mais um morreu. Mais um
morreu. Mais um morreu. E eu continuo aqui. Continuo ouvindo piadas, vendo
olhares, assistindo absurdos.
Tem dias que preferia estar nesta lista, mas é vida que
segue. Vou pegando táxi escondido, andando sempre acompanhado, suando frio quando escuto
um comentário, desviando de grupos, de pessoas, evitando ruas com bares, não
pegando em sua mão, não beijando e muito menos abraçando.
Será se assim eu vivo ou cometo pequenos suicídios diários?
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