Eu não choro por você, eu choro pelo meu romantismo. Nick
Drake morreu com 27 anos, envolto da sua depressão, tomou medicamentos errados,
dizem que foi suicídio. Eu acredito apenas que ele estava muito sonolento pra
perceber se tinha ou não tomado sua dose, aumentou, sufocou, acabou.
E depois, o que ficou? 3 discos, apenas isto, aliais, não só
apenas isto, mas a ilusão de que a idealização de uma vida perfeita pode ser
alcançada em meio ao desespero, a preguiça e a falta de interesse. Não
acontece, o que vem disso são livros feitos para mais jovens se matarem desta
forma.
Você me destruiu, mas me destruiu de verdade. Você tirou de
mim a possibilidade de mudar de cidade, tirou de mim meu interesse por mim
mesmo e além disso me tirou o pouco de sanidade que tinha. O que acho bom
disso? Você não ficou com nenhuma destas coisas, porque elas eram apenas minhas
e você jamais se importou em carregar pelo menos um pouco do que eu sentia, que
dirá carregar meus maiores bens naquele momento.
Eu não choro por você, eu choro pelo meu romantismo. Aquele romantismo que acredita que ainda posso voltar com você, que não me deixa ficar com mais
ninguém, meu romantismo que me afoga em mentiras inventadas que me fazem chorar
mais uma vez. E eu choro, eu choro escutando Nick Drake, que de nada virou,
além de 3 discos e jovens extasiados de romantismo barato que ficam tagarelando
suas letras de jovem burguês, infestado pelo dinheiro dos pais e pela fumaça do
baseado, compartilhado com outros jovens mais burgueses e blasés como ele.
Eu te vi passando pela rua, me escondi e fitei seus tênis,
sua calça, aquela camiseta que eu gostava que você usava. Enquanto acompanhava
com meu olhar, imaginava seu perfume, o gosto da sua saliva e aquele seu
sorriso torto, que me faziam tão feliz. Chorei baixinho, mais uma vez não por
você, chorei pelo meu romantismo. Chorei porque quase todas as noites me
imagino em sua cama, sentindo seu corpo por cima do meu, me pedindo pra cortar
o cabelo, me beijando e respirando profundamente enquanto sua cabeça recostava
sobre meu peito e naquele momento eu queria que o mundo acabasse. Os atrasos
eram irrelevantes, podia até ficar sem fazer nada, apenas passando a mão pelos
seus cabelos, te chamando de nerd chato, ignorando seus livros escritos e
apenas querendo seu beijo.
Realmente eu não choro por você, eu choro pelo meu
romantismo. Choro pela dor que senti tão cravada quando você apenas não me
respondeu mais, não me quis mais. Choro porque eu não te quis.