sexta-feira, 20 de abril de 2012

.normal.

Uma correria que não existe no mundo real.
Me perco em meus pensamentos imaginando como é ter uma c/c que não viva no vermelho.
Imagino noites interminaveis emergido em um copo de plástico com conhaque barato, que se transforma em Veuve Clicquot quando passa pela minha garganta.
Fecho os olhos enquanto beijo uma boca qualquer. Projeto o rosto mais belo em minha mente, com o melhor corpo, tipo aqueles que eu me perco nas madrugadas na tela do computador.
Nunca estive em lençóis de seda, mas sei bem a textura. Prêmios não existem na estante. Estante não existe no meu quarto e sala.
Desdobro pra pagar o almoço diário, mas transformo um pedaço de pano em glamour e sempre na carteira 5 gramas pra dopar qualquer realidade.
Vida ilusória. Essa é a melhor forma de construir algo que nunca será verdadeiro. A solidão é a parceria, ninguém enxerga como eu, paciência. Até o sono, aquele maldito, deixou um bilhete no meu colchão rasgado dizendo que não gosta de rinite. Azar dele. Azar meu.
As olheiras gostam e a magreza sempre estará em alta.
Corri até aquela luz no fim do túnel. Não era luz. Era um neon velho, meio falho com a mensagem:
"Viva criança, saia dessa."

terça-feira, 10 de abril de 2012

.over.


Assiste um programa qualquer, a tv pula e o olho grita.
Pensa, pensa, pensa, continua na mesma. Escreve pra passar. Unhas roídas, coração acelerado, amargura na boca, o tempo passa, o relógio corre.
Entre aspas, solidão errada.
Tic.tac.tic.tac.tic.tac.tic.tac.tic.tac.tic.tac.tic.tac.
A vida se cansou de dar chances. O dinheiro troca de mão. As paixões se perdem.





Dois pontos, na outra linha, parágrafo, travessão:
-Olá insônia, você vem sempre aqui?
A insônia responde, com um leve sorriso no canto da boca:
-Não, só quando você não está trabalhando. Só quando não está sol. Não atendo ao telefone antes das 18h. Durmo de dia e perturbo corações dilacerados quando a noite cai. Sou o resto da nóia e a incerteza do dia seguinte. Quando não me ligam, vou onde sinto cheiro de juventude, cheiro de preocupação, cheiro de inocência corrompida, de ilusão, de pretensão.





O espelho não reconhece mais o reflexo, as mãos se cansaram das ordens. Entre as cinzas de cigarro, motel barato e sexo fácil. O corpo só segue impulsos mecânicos.







Não existe mais ninguém ali dentro. Se mudou para Kathmandu, manda lembranças e postais sempre aos dias finais de cada mês. Comprou uma casa branca com sofá de couro preto que fica na sala. Tem amigos com mais de 30 e um livro com recordações inventadas.
Não existe mais insônia e perdeu a vontade de tv.