Não sei onde ou aonde
foi ao certo.
Lembro bem que fui
buscar uma bebida, dei uma passadinha no banheiro, falei com algumas
pessoas e quando voltei pra pista, você não tava lá.
A música alta e a
colocação que batia em minha cabeça trocaram nossos lugares. Eu
que sempre fui seu protetor, passei pro lugar de protegido, ou pensei
que estava neste lugar. Beijei algumas bocas, falei alto e arrumei
confusão esperando seu afago, mas você se chocou, saiu correndo,
teve medo.
Foi ai que te perdi?
Ou não, pode ser que
foi naquela manhã em que você desmontava sua casa, colocava a
mudança no carro e eu insistia em cantar uma música de despedida.
Sei que sou desafinado, a temperatura alta e sua ansiedade podem ter
atrapalhado a interpretação da situação e eu que sou da zueragem
confundi sua cabeça. Aquela declaração pareceu zombação. Você
me deixou em casa sem eu ao menos cantar, bateu a porta do carro e se
foi.
Foi ai que te perdi?
Mas também existem os
boletos, sim os boletos. Na minha trapalhada de tentar viver, esqueci
entre os dias aqueles papéis. O valor monetário agrada e desagrada
capricornianos.
Foi ai que te perdi?
Tem aquela viagem né?
Aquela onde eu aproveitei cada minuto sem olhar pros lados, sem criar
relatórios. Aquela em que me permiti ser silencioso mas você não
entendeu.
Foi ai que te perdi?
Se pensar bem, pode ser
que te perdi no meu ego, no meu egoísmo, no meu rancor e na minha
inveja. Pode ser que te perdi por te querer demais, por te proteger
ao extremo, por confiar mais em você. Te perdi em minha projeção.
Pode ser que te perdi
por me encontrar em você.
E você? Onde foi que
você me perdeu?