Chegou e não disse muita coisa, apenas que iria ficar, que
um dia acabaria, mas nem a própria sabia qual seria a data do fim.
A música estava alta, o carro muito veloz e os
olhos um tanto quanto vermelhos. Só pairavam dúvidas naqueles corações
amargurados. O dinheiro, o tempo e o amor eram as únicas certezas que existiam.
Alguém acendeu um cigarro. O vento na janela do veículo
levava as cinzas para fora, mas deixava alguns pontos brancos na calça preta.
Era a indicação de que nada controlava o espaço, nem mesmo mãos fortes e juventude.
Nada ainda, só silêncio. Um silêncio que gritava choro e
cheirava vômito. Ponto, enfim puxou o freio de mão, o caminho tinha acabado,
e aquele som quebrou as nóias que estavam ali.
Um passo na frente do outro. Uma coisa de cada vez. Nada é
fácil. Nada empolga durante muitos meses.
Olhou pro lado e tudo havia desaparecido. Olhou pro outro e
só viu uma mancha branca, bem pequena, no meio do nada. Abaixou, chegou mais
próximo, era o rótulo de uma vodka barata, amassado e meio molhado. Abriu
totalmente e olhou o verso. O esboço de um sorriso formou no seu rosto.
"É tudo verdade. A solidão realmente está com você, mas ela me disse, vai te deixar.”