quinta-feira, 28 de junho de 2012

.agoragonia.


A.DOR.MERECE
MAR.
ADORMECE.
ARRANCA.DOR.
DO.RANCOR
SEM.COR.AMOR.
NO.MAR.AZIA
SÓ.MARESIA.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

.razão.


Quantas vidas existem dentro de um corpo? Uma pergunta que não para de latejar dentro do peito. Um questionamento inútil.
De que serve saber quantas vidas existem se nem mesmo uma é vivida. Quanto mais a afirmação é repetida, mais outras perguntas surgem.
Pais, amigos, trabalho, estranhos. Cada um te toca de uma forma. Pra cada um, uma vida surge. Pra cada um uma roupa é posta.
Queime. Queime essa falsa pretensão de futuro bom. Que futuro existe em mil vidas. Mil futuros não são possíveis. Mil futuros, mentira.
O dinheiro manda. Nosso deus maior. Nosso objetivo. Machucados tilintam. Moedas que pago, pagam, vão pagar.
Dinheiro que existe na nuvem negra que acompanha. Uma nuvenzinha, bem acima da cabeça. Acorda com ela, dorme com ela. Fantasia surreal pra amenizar tanta dor.
Dinheiro, compre minhas mil vidas. Me dê duas mil mortes. Um câncer de brinde. Rancor de bônus.

terça-feira, 5 de junho de 2012

.tentativa.


Quando eu penso em você, tenho vontade de me jogar do maior prédio da cidade, só pra testar a sorte e os anjos.
Parece que quanto mais tento te esquecer em corpos quentes, mais a mente fica próxima do seu coração. Não falo “coração próximo do seu coração” porque esse tal que bate no meu peito é só mais um músculo que mantem viva a carne. Um músculo como qualquer outro, sem formato bonitinho, sem cor vermelha. Já petrifiquei.  Pronto.  Menos um sofrimento.
Inconstância de relações passageiras. Sexo pelo sexo. Orgia.  Mãos, suor, peito, braço. A sina é testada. O carma confirmado. Agora existe assunto pra escrever.  A tinta da caneta quando toca o papel forma um borrão com as lágrimas salgadas da solidão.
A chuva começa a cair. Visto minha melhor roupa, faço a barba e vou pra rua. Quem me acompanha é a puta da angústia. Ela sempre me faz companhia. É puta de bom caráter, foge das regras feitas.
Caminhei em direção ao nada, onde os edifícios fazem sombra e as identidades são queimadas.  Pensei que ali, se pá, poderia queimar o seu e o meu RG. Queimei apenas meu desejo, entre tantos outros que como eu, eram perdidos.
A angustia, puta que só ela, ficou na esquina, arrumou um cliente, trabalhou, voltou. Com sua imagem latente me acompanha de volta. Não sei mais o que fazer. Busco por gozo, espasmos e dores de cabeça. Audácia minha pensar que a solução está nesse caminho. Quanto mais fácil, mais dor. Quanto mais fácil, mais autodestruição. Quanto mais fácil, mais meu peito aspira, dilata, explode e se cala.
A sorte continua, me protege. Os anjos, eles não existem.
E agora?
Quanto mais vou ter que sofrer no meu próprio ego pra esquecer você e procurar meu próprio eu?



sábado, 2 de junho de 2012

.egoísmoplanejado.


Nem todas as palavras foram ditas para machucar. Este é o problema. A preposição “nem” atrapalha, gera uma infinidade de pensamentos desnecessários.
Lacrimejado, a química desta vez era causada por múltiplos raios no cérebro, que em choque, produzem emoção.
Duas pessoas que se atrapalham por apenas “sentir”. Ninguém é dono de ninguém. Já escutei muito isso, mas há distância entre escutar, absorver e agir. Não dizem que o caminho do coração é o maior que existe? Pois é, aqui é ainda maior, já viu meu tamanho?
Cansei de desculpas, cansei de olhares, cansei de agressão. Cansei da minha personalidade. Não existe nenhuma loja com liquidação de caráter. Isso não se compra, por sorte.
Como lâmina, as palavras se transformam em minha boca, formam sons, ganham o espaço e cortam sua paixão. Meu poder é a maldade nas palavras. Nunca consegui formar elogios, vender camisas de seda, absorver verdades, influenciar bons pensamentos. Não é você que iria me transformar.
Mas ok, voltamos ao “nem”.
Nem ao menos me ouviu, não foi? Tem certeza do que faz, ou essa pretensão toda é só um disfarce pra sua angústia velada e seu vício em pequenos erros?
Vamos falar de nós mesmos. Olhar o umbigo e não se preocupar com o alheio. Talvez tenha sido esse o erro. Você olhou tanto para o seu que me esqueceu. Esqueceu do que eu representava. Me esqueceu sangrando na porta da sua atenção, onde estava velando seu sono enquanto você se divertia em pensamentos.
Obrigado, de qualquer forma. Você foi o responsável por eu adotar o “nem”.







Nem você, nem ninguém.