terça-feira, 17 de outubro de 2017

O momento de agora



A qualquer momento posso levar um tiro pelas costas.
Meu melhor amigo me deixou, entre um deboche e outro julgou meus sentimentos, as minhas verdades e disse que estou louco e exagerado.
A qualquer momento posso levar uma surra na rua.
Meu conhecido apanhou de um cara, foi subornado e retirou a queixa, hoje o agressor anda pelas ruas com sua família de políticos.
A qualquer momento posso ser oprimido e humilhado.
Uma figurinha do rolê assedia garotas todas as noites e sai como um grande garanhão, quando tentam contestá-lo, os próprios amigos que se dizem desconstruídos, protegem veementemente o macho branco opressor roqueiro.
A qualquer momento posso ficar na miséria.
Dediquei horas de trabalho no projeto de um canalha, ele me enganou e levei um calote. Acreditava em sua amizade, nas grandes contas que ele me oferecia para criar e em sua invejada fama aparente.
A qualquer momento posso sumir sem deixar um único vestígio.
A bancada evangélica se aproxima cada vez mais da bancada ruralista, formando a santa trindade com a bancada da bala. Senadores viciados em cocaína, com ala reservada em um grande hospital de sua cidade (caso haja uma overdose), corrupto comprovado e cretino é absolvido num processo gigantesco de corrupção. Os gays tiram selfies e fazem pose com militares.


Mas em nenhum momento eu esqueci do amor.
O amor punheta minha esperança, me dá sono para esquecer o desapontamento e forças pra acordar suado, hidratar meu cabelo e trabalhar.
O amor, o amor não é qualquer momento.
O amor na minha vida são todos os momentos.  

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