A qualquer momento
posso levar um tiro pelas costas.
Meu melhor amigo me
deixou, entre um deboche e outro julgou meus sentimentos, as minhas
verdades e disse que estou louco e exagerado.
A qualquer momento
posso levar uma surra na rua.
Meu conhecido apanhou
de um cara, foi subornado e retirou a queixa, hoje o agressor anda
pelas ruas com sua família de políticos.
A qualquer momento
posso ser oprimido e humilhado.
Uma figurinha do
rolê assedia garotas todas as noites e sai como um grande garanhão,
quando tentam contestá-lo, os próprios amigos que se dizem
desconstruídos, protegem veementemente o macho branco opressor
roqueiro.
A qualquer momento
posso ficar na miséria.
Dediquei horas de
trabalho no projeto de um canalha, ele me enganou e levei um calote.
Acreditava em sua amizade, nas grandes contas que ele me oferecia
para criar e em sua invejada fama aparente.
A qualquer momento
posso sumir sem deixar um único vestígio.
A bancada evangélica
se aproxima cada vez mais da bancada ruralista, formando a santa
trindade com a bancada da bala. Senadores viciados em cocaína, com
ala reservada em um grande hospital de sua cidade (caso haja uma
overdose), corrupto comprovado e cretino é absolvido num processo
gigantesco de corrupção. Os gays tiram selfies e fazem pose com
militares.
Mas em nenhum momento
eu esqueci do amor.
O amor punheta minha
esperança, me dá sono para esquecer o desapontamento e forças pra
acordar suado, hidratar meu cabelo e trabalhar.
O amor, o amor não é
qualquer momento.
O amor na minha vida
são todos os momentos.
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