terça-feira, 1 de novembro de 2011

.primeiraparte.



Ele se perdeu no meio do caminho. Seus questionamentos são em vão e suas ações incoerentes. Tão jovem. O olhar melancólico e frio esconde uma doçura que ainda não foi perdida. Pobre coitado. Se camufla atrás de um personagem que nem sabe mais seu roteiro, a próxima fala ou a cena a seguir.
O pensamento é de um cara que não é feliz. Entre pessoas ele não vê mais como gritar. Não faz mais questão de seu futuro. Esqueceu do que aprendeu.
Com 14 anos jogava Super Mario 3. Pensava na existência enquanto matava os adversários pulando em suas cabeças. Do que eu gosto?
A rua não é mais interessante, mas também não tem vontade de voltar para casa. Na parede uma imagem familiar que esconde seus desejos. Roupas, calçados, fama. Tudo ao seu redor. Ele sabe disso e se faz inconsequente.
O sexo não dá mais prazer. Tanto faz. Homens, mulheres. Amigos traidores, paixões antigas. Ele se utiliza disso pra sofrer mais um pouco. O sofrimento é combustível pra essa indolência.
Não sabe ao certo por que continua andando. Na nuca carrega uma cicatriz. Quando tinha 6 meses de vida foi arremessado em um muro. Não morreu. Tentativa frustrada de assassinato da sua progenitora depressiva. Não sei cuidar nem da minha vida, como vou cuidar de um bebê?
Com a curiosidade descobriu os livros, mas também descobriu pó de estrela. A noite ele brilha como uma arma nuclear. Seduz quem quer, escolhe os melhores.
Desde os 11 vai ao cinema sozinho. Olhava as vitrines, sonhava com a fama. Dormia com fones de ouvido e chorava por não poder ser tudo aquilo. Acordava com a Hora do Brasil. Possuía uma grande facilidade com os números, saia de casa andando e estudando fórmulas de física, enquanto observava os moradores da pequena cidade.
Agora já não importa mais o dinheiro. A ostentação passou e com ela o amor se foi. Continua escondido atrás de uma tela com 14 polegadas, um velho colchão e sua arrogância.
Ele clama por ajuda e ninguém escuta.
Mas no que ele quer realmente ser ajudado? Será que ele tem a resposta?
Se pergunta sobre confusões que não viveu. Agradece por uma sorte espiritual a força de não se render aos prazeres da carne.
Carrega sua honra acima de tudo, mesmo compartilhando da incoerência.
Pobre garoto, sabe muito mas não tem experiência. Aqui sua grande curiosidade brota mais uma vez. Precisa sentir todos os gostos ao máximo para ter certeza. Não fala o que não sabe, faz muito o que não leva a lugar nenhum.
Já dançou rockabilly com 5 anos e se apaixonou pela jaqueta preta. Fez uma homenagem aos amigos e vomitou no banheiro.
















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Um comentário:

O Sr. Daniel disse...

Muito bom sr. haha