Esqueci do passado, de como cheguei até aqui. Olho
minhas mãos e não lembro de onde vieram tantos machucados, do porque das unhas roídas
e da ansiedade incontrolável.
Levanto os braços e busco uma resposta no céu, no sol e até
mesmo na lua que está distante, escondida.
As lágrimas são inevitáveis. Em pedido de socorro clamo ao
sobrenatural que acorde minha memória, meus sonhos, minha antiga vida.
Já está claro, a reflexão é em vão e ainda clamo. Não tenho
mais voz, não tenho mais família, não tenho mais amor.
Para onde foram tantos elogios? Para onde foram os cachos do
meu cabelo? Para onde foram a juventude e a pele boa?
...
Os anos consumiram, não tiveram piedade do meu egoísmo e
ganância.
Sim, agora sei os motivos, mas ainda estou perdido. A
inteligência não me salvou, o dinheiro não me salvou.
Agora lembro... Você nunca me amou.
...
Mas será que um dia eu me amei?